sexta-feira, 29 de junho de 2007

Correio do Povo Condena Pichações Racistas

O jornal Correio do Povo, aqui de Porto Alegre, condenou em editorial as pichações racistas na UFRGS, e manteve posicionamento relativamente poderado no debate sobre as cotas sócio-econômicas-raciais na universidade.

Abaixo:

AS COTAS E AS PICHAÇÕES RACISTAS


Independentemente da posição que se possa ter acerca da discutível questão das cotas para negros e indígenas nas universidades públicas, é imprescindível que essa polêmica seja travada dentro de contornos civilizados, com urbanidade e respeito. Como se sabe, de acordo com a Constituição, no seu artigo 5º, o racismo é crime e é imprescritível, sendo, portanto, essa conduta discriminatória rechaçada e punível pelo ordenamento jurídico, bem como condenada pelo senso de justiça da população.

Dessa forma, são inaceitáveis as manifestações racistas feitas por meio de pichações veiculadas no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Expressões discriminatórias e ofensivas foram usadas para combater o sistema de cotas, que garante a inclusão social e universitária de setores historicamente discriminados. O preconceito passa ao largo da discussão de conteúdo e merece ser criticado.

Nesta semana, a Comissão de Ações Afirmativas da Ufrgs está decidindo a forma de participação da universidade no sistema de cotas, se ela será mais racial ou mais social, ou seja, se a raça de origem será predominante ou se a condição socioeconômica do candidato deverá preponderar. O percentual para cotas deverá ser em torno de 40%.

Essa discussão acerca da implantação ou não do sistema de cotas e sobre os critérios a serem seguidos tem sido alvo de intensos debates por parte da sociedade e da comunidade universitária. Existem argumentos importantes para ambos os lados e eles devem ser esgrimidos e analisados. Todavia, não se pode perder o norte de uma discussão a ser feita de forma equilibrada, visando contemplar os interesses de todos os envolvidos.

Há que se cobrar, também, na questão, a responsabilidade do governo federal. Em vez de aumentar vagas nas universidades, para contemplar mais candidatos, realiza uma política dita de inclusão a custo zero. Estimula a concorrência acirrada sem investir na expansão do ensino superior. Ganha os bônus sem maior ônus. Os alunos brigam e o governo assiste a tudo de camarote.


Ou no sítio do jornal (para assinantes).

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