sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

O triunfo dos sinhozinhos

Mais do blog do Nassif (Nota do Editor: o título é meu. Na foto, sinhôzinho Arthur Virgílio - ou FHC, no fundo é a mesma coisa.

Em "O Globo" de hoje

"Virgílio admitiu também que o apoio do ex-presidente Fernando Henrique foi fundamental para que enfrentasse a pressão. A última conversa entre o líder e Serra, no fim da tarde de quarta-feira, foi bastante tensa. Virgílio avisou ao governador que não mudaria de posição.

— Isso é uma loucura! — reagiu Serra.

— Então eu sou louco — retrucou ele.

Serra argumentou que o PSDB não poderia ficar a reboque do DEM, que fechara questão contra a CPMF.

— Nossos verdadeiros concorrentes são os petistas — rebateu Virgílio.

No que depender do líder, as diferenças não deixarão seqüelas.

— Serra é o quadro mais preparado para exercer a Presidência, mas para ser presidente terá de ser tolerante, saber ouvir seus companheiros."

Ou seja, ser tolerante é deixar os companheiros botarem fogo no país.

***

Ao contrário de outros ex-presidentes, como Itamar Franco, José Sarney e Fernando Collor, FHC é um ex dotado de nenhuma grandeza, de nenhuma responsabilidade cívica.

Serra e Aécio estão aguardando para se posicionar mais perto das eleições. Correm o risco de herdar um partido exangüe. Se a CPMF não for restaurada, cada problema do governo Lula, cada investimento que deixar de ser feito, cada piora nas áreas sociais terá responsáveis diretos: o PSDB, seus senadores e FHC.

Havia receio de que a aprovação da CPMF pavimentasse o sucesso do governo Lula. Agora, qualquer fracasso terá um responsável direto: a oposição.

"A oposição sou eu"

NASSIF:

Na entrevista que me concedeu para o livro “Os Cabeças de Planilha”, Fernando Henrique Cardoso se dizia muito consciente da importância de um acordo nacional. Mas reclamava que Lula nunca o procurava. Se o convidasse ele se sentaria à mesa e acertariam o acordo.

Por trás das declarações, estava claro que não existiria acordo, para ele, que não passasse pelo reconhecimento de seu papel de líder inconteste da oposição.

Hoje, nos jornais, é claro o jogo. Matéria da “Folha” com Arthur Virgílio em que ele admite que todos seus passos foram dados consultando Fernando Henrique.

No “Estadão”, em matéria de Carlos Marchi, FHC se apresentando como líder da oposição.

O veterano e competente Marchi inicia a matéria assim: “Em vez de se vangloriar da derrota que ajudou a impor ao governo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acenou ontem com a bandeira da paz: em nota distribuída durante o dia, afirmou que “é o momento de governo e oposição, pensando no Brasil, deixarem de lado as picuinhas e se concentrarem na análise e deliberação do que é necessário fazer”.

Fala sério! Olha a continuação da matéria:

PARA VER A CONTINUAÇÃO, CLIQUE NO TÍTULO DESTA POSTAGEM.

E quem afinal está certo na Guerra Civil Espanhola?

Boa a discussão aí abaixo esta a respeito da Guerra Civil Espanhola. E como é polarizado este tempo em que vivemos: dê um assunto e, rapidamente, dois bandos se formam sem vontade de ceder um palmo de terreno ao adversário. Não faz muito tempo, dizia-se que esquerda e direita eram conceitos ultrapassados. Aí, de repente, duas visões absolutamente distintas da história recente e da ética que deve nos conduzir em sociedade estão sob a mesa.

E qual será a correta?

No caso espanhol, há um livro precioso do ensaísta Juan Eslava Galán. Chama-se Una historia de la guerra civil que no va a gustar a nadie; Isto mesmo: Uma história da guerra civil da qual ninguém gostará. A sua versão, fascinante, é uma na qual só há vilões e incompetentes.

Espanha, 1931. Um país agrário quase falido, pobre, com alto índice de analfabetismo, 24 milhões de habitantes. Crise. O Partido Republicano vence as eleições municipais em todas as grandes capitais. Temendo um golpe, o rei Alfonso 13 parte para o exílio. No vácuo do poder, os vencedores das eleições vão às ruas e nasce a Segunda República. Tinham um projeto de modernização: reforma agrária em primeiro lugar. A terra era má gerida, fazendas falidas existiam às pencas. Daí, a reforma do exército, incompetente e corrupto, com mais caciques do que índios, que havia sofrido derrotas no Marrocos. Na seqüência, a reforma da Igreja, que tinha o monopólio da educação e das cerimônias civis e sempre arranjava um jeito de se meter mais nas coisas do Estado. Por fim, descentralização e autonomia para Catalunha, País Basco, Valência, Galícia, verdadeiros países dentro do país, com língua e cultura próprias, que há muito cobravam alguma liberdade.


Outro texto interessante do Weblog do Pedro Dória.

O problema de Veja

A troca de mensagens pública entre o repórter Jon Lee Anderson e o editor de Internacional de Veja, Diogo Schelp é um bocado importante – e não pelo que ela diz a respeito de Schelp; pelo que diz sobre Veja.

A argumentação de Schelp em sua defesa é ruim. Fonte não deve qualquer sigilo a repórter – a nossa é uma profissão que deve operar às claras. O sistema de filtro de mensagens da Abril é de fato muito rigoroso e dá problema com mensagens perdidas a toda hora. Mas este é um problema que a Abril deve resolver com sua equipe técnica. Numa empresa jornalística, é um problema sério. Usar o anti-spam como desculpa para não ter contatado uma fonte é piada.

Por fim, ele reconheceu publicamente que Veja tem uma lista negra: quem cai lá não sai na revista. Não é o único órgão de comunicação grande que tem uma lista dessas, mas há um motivo pelo qual ninguém assume sua existência. É que não pode ter. Noticia-se, sempre, o que é notícia; e procura-se, sempre, quem melhor pode informar a respeito de um assunto. Quando uma publicação reconhece que tem uma lista negra, está dizendo que não tem pudores de usar sua influência para fazer com que alguém suma do mapa da relevância, independentemente de ser notícia ou não. (Não que, neste caso específico, Anderson vá sentir falta.)

Mas não era Schelp que deveria responder pela crítica e é injusto que a revista o tenha exposto desta forma. Nenhum jovem jornalista deveria ser obrigado a debater com um repórter de primeira linha do jornalismo mundial. É um debate perdido de início e, portanto, uma exposição cruel.

A reportagem sobre Che não saiu como saiu porque esta é a qualidade de trabalho que Schelp pode apresentar. Quem o conhece diz que é bom repórter, que jamais tem preguiça de apurar. A reportagem saiu assim porque assim é a linha editorial de Veja: a tese já está definida antes que qualquer repórter se lance à apuração. As fontes consultadas são aquelas que confirmarão a tese. Se alguém disser o contrário, que seja ignorado. Não é a curiosidade, a tentativa de compreender o mundo, que move a pauta de Veja. O que lhe move é a vontade de dizer o que seus leitores devem pensar.


O texto, bem interessante, continua no Weblog do Pedro Dória.

América Latina: Evo Morales no fio da navalha

América Latina: Evo Morales no fio da navalha

Franz Chávez

La paz , 07/12/2007 (IPS) - O presidente da Bolívia, Evo Morales, pretende convocar um referendo sobre a continuidade de seu governo, iniciado há 22 meses, e desafia os nove prefeitos (governadores de departamentos), cinco deles tenazes opositores, a fazerem o mesmo.



O anúncio de Morales, que interrompeu noticiários e transmissões de futebol na quarta-feira à noite, sacudiu o tabuleiro político boliviano. Nesse momento, três prefeitos se preparavam para regressar de Washington, após acusarem o presidente na Organização dos Estados Americanos por promover uma nova constituição apenas com apoio oficialista, bem como pela morte de três pessoas em choques entre manifestantes e policiais em Sucre, sede da Assembléia Constituinte, no dia 24 de novembro.



O silêncio, seguido de surpresa e incredulidade, dominaram a oposição após o anúncio do mandatário, enquanto se agravava uma greve de fome em Santa Cruz de la Sierra, com cerca de 150 pessoas jejuando, e nas de Trinidade e Tarija. Nessas cidades se concentram os grupos contrários à corrente indigenista encabeçada pelo presidente, a qual promove a recuperação dos recursos naturais, como o petróleo e o abundante gás natural. O mecanismo proposto por Morales “é uma forma democrática e pacífica de resolver um conflito”, disse o analista Carlos Cordero ao avaliar o difícil momento pelo qual passa o governo, surgido do movimento de plantadores de coca e apoiado por setores camponeses e classes médias urbanas.



Com a recusa de cinco prefeitos em dialogar e a pressão para obrigar Morales a deixar em suspenso a constituição aprovada – com os opositores membros da Assembléia Constituinte ausentes – no dia 24 de novembro, o presidente se antecipou à estratégia de descrédito e desgaste de sua popularidade por parte de seus adversários. O texto definitivo, “em detalhe”, deve ser examinado por essa assembléia antes do próximo dia 14, data-limite fixada pelo Congresso. Mas, os incidentes em Sucre obrigam a buscar uma nova sede para as deliberações, que poderia ser uma localidade do Chapare, onde o governo conta com amplo apoio, no departamento de Cochabamba.



Enquanto se teme um choque de conseqüências imprevisíveis em Santa Cruz de la Sierra entre grupos conservadores e setores sindicais e populares que apóiam Morales, o presidente aposta em ganhar a opinião de uma maioria da população sem militância partidária que, até agora, observa os acontecimentos com cautela. O governo, que tem o apoio internacional dos presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Fidel Castro, de Cuba, propõe uma revolução democrática e cultural. O objetivo de sua reforma constitucional é recuperar para os povos indígenas direitos e terras, preservar para o Estado boliviano riquezas naturais do país e garantir a participação popular nas decisões governamentais.

O texto IPS Brasil, e continua . Mas foi visto na Periferia do Império.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Sean Penn, Santana e Belafonte pedem fim do bloqueio a Cuba

HAVANA, 13 dez 2007 (AFP) - Sean Penn, Carlos Santana, Danny Glover e Harry Belafonte encabeçam uma lista com mais de 500 artistas e intelectuais dos Estados Unidos que pedem o fim do bloqueio realizado por Washington contra Cuba, pois "cria obstáculos para o intercâmbio cultural", informou nesta quinta-feira o jornal oficial Granma.

A lista está contida em uma mensagem enviada ao presidente George W. Bush, e responde a um pedido da famosa dançarina cubana Alicia Alonso, que solicitou a artistas que se prenunciassem contra o bloqueio.

"Escrevemos para expressar nossa consternação pela persistente hostilidade de sua administração contra Cuba e para manifestar nossa oposição às políticas que nos mantêm distantes de nossos colegas cubanos", diz uma carta, que teve fragmentos publicados pelo jornal.

Xerife veste presos de rosa para inibir bêbados ao volante

O xerife Joe Arpaio veste de camisa e cueca rosa as pessoas que foram presas por dirigir alcoolizadas. Ele quer chamar a atenção para esse problema, que matou 585 pessoas somente no ano passado no estado do Arizona. Na foto, os detentos estão varrendo as ruas do condado de Maricopa, no Arizona, nos Estados Unidos (Foto: AP)

Nota do Editor: o que mais me chama atenção não é a vestimenta dos presos, mas o fato dos motoristas bêbados irem parar atrás das grades. No Brasil, os caras bebem, se drogam, matam e ficam impunes. E nenhum parlamentar se dispõe a mudar a legislação do trânsito. Já a CPMF...
Fonte: G1.

Sobre regras, decretos e variáveis, segundo um certo ponto de vista


O porta-voz oficial dos interesses patronais de hoje dá voz à Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).

Para Elizabeth,
"a falta de regras claras e a tomada de decisões por meio de decretos, que mudam de uma hora para outra as variáveis envolvidas na escolha de uma área de instalação, ameaçam a concretização de projetos como os que a Aracruz, Stora Enso e Votorantim Celulose e Papel (VCP) têm para a Metade Sul gaúcha. Outro foco de estresse, disse, são o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os quilombolas e os povos indígenas", segundo o jornaleco da Azenha (Os grifos são de La Vieja).

Caramba. É possível tal falação distorcer mais a verdade?

Em primeiro lugar, nunca faltaram regras claras de licenciamento ambiental para a silvicultura extensiva aqui no RS. Os resultados do estudo de Zoneamento Ambiental para a atividade de Silvicultura no RS, iniciado ainda no governo de Germano Rigotto, o Meigo (2003-2006), está à disposição de Elisabeth e das empresas que ela representa no sítio da Fepam (
Fundação Estadual de Proteção Ambiental) já há um bom tempo. O que Elisabeth esqueceu de dizer ao jornaleco foi que tais regras não estavam suficientemente claras para os interesses das empresas que ela representa, tanto que somente em função disso, e a fim de atender tais interesses, foi que os novos jeitos de governar transferiram, da Fepam para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), um órgão de governo sob controle e longe dos olhos do Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA), atribuições antes exclusivas da referida Fundação.

Para conferir, basta se acessar o sítio da Fepam, aqui. Ver-se-á, então, que as resoluções do CONSEMA foram transferidas para o sítio da SEMA. Entre tais resoluções encontraremos, por exemplo, a que "
Dispõe sobre a qualificação dos Municípios para o exercício da competência do Licenciamento Ambiental dos empreendimentos e atividades considerados como impacto local, no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul" (167/2007) e a que "Altera a Resolução CONSEMA nº 102, de 24 de maio de 2005, que 'Dispõe sobre os critérios para o exercício do Licenciamento Ambiental Municipal, no âmbito do Rio Grande do Sul' e dá outras providências" (168/2007), bem como inúmeras que habilitam "Municípios para realização do Licenciamento Ambiental das Atividades de Impacto Local", uma das estratégias encontradas pelo novo jeito de governar a fim de flexibilizar a interpretação e a aplicação das regras do referido zoneamento.

Ou seja, as regras sempre foram claras. O que houve foi que nem o novo jeito de governar atual e nem as papeleiras gostaram das referidas regras, estabelecidas a partir dos resultados do estudo de Zoneamento Ambiental para a Atividade de Silvicultura no RS realizado pela Fepam, estudo esse realizado por técnicos competentes que deixaram claro que, ao contrário do que afirmou Elizabeth, não mudariam "de uma hora para outra as variáveis envolvidas na escolha de uma área de instalação".

E foi somente por isso, e por nenhum outro motivo, que decisões foram tomadas por meio de decretos, como afirmou Elizabeth de Carvalhaes. Ou seja, a Bracelpa está reclamando de barriga cheia, pois as únicas decisões tomadas por meio de decreto aqui no RS assim o foram com o único objetivo de beneficiar a atividade de silvicultura, eufemismo para fabricantes de celulose e papel, e não para prejudicá-la. Foi por tal motivo, e por nenhum outro, que a Rainha das Pantalhas passou por cima das atribuições da Fepam e do CONSEMA, concentrando todo o poder de decisão sobre a atividade de silvicultura no RS sob a SEMA.

O texto continua em La Vieja Bruja.

E agora, José Agá?



Muito bem, José Agá, o diário do grupo RBS, fez nos últimos dias uma radiografia dos sindicatos de empregados cujos dirigentes prevaricam e/ou se perpetuam no poder de suas entidades classistas. Muito bem. Aguarda-se, agora, que José Agá, faça a mesma radiografia no chamado Sistema S (Sebrae, Senac, Senai e Sesc), mantido com verbas estatais e das entidades patronais. Mais: pode aproveitar e passar um pente-fino também nos sindicatos patronais, federações e confederações de defesa dos interesses dos empregadores.

Os desvios encontrados nos sindicatos de empregados são lilliputianos, perto dos desvios gulliverianos dos patronais.

Aguardamos impacientes.


Do Diário Gauche.

FHC manda, Arthur Virgílio obedece


O senador tucano Arthur Virgílio (AM) está tendo papel fundamental na tramitação da Emenda que prorroga a CPMF. Se não fosse ele, os governadores José Serra e Aécio Neves já teriam conseguuido convencer metade da bancada a votar pela prorrogação do imposto do cheque. A postura belicista de Virgílio tem nome e sobrenome: Fernando Henrique Cardoso. Virgílio mesmo, coitado, não passa de um fantoche. Quem está no comando da operação é o ex-presidente, hoje um adepto incondicional do "quanto pior, melhor" para o governo Lula.

Do Blog Entrelinhas.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Lei que autorizou contratação de professores para UERGS é inconstitucional

O Órgão Especial do TJ-RS (Tribunal de Justiça Rio Grande do Sul) julgou procedente a ação direta de inconstitucionalidade
proposta pelo procurador-geral de Justiça contra a Lei Estadual 12.678/06, que autorizou a contratação temporária de professores para a UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul), em caráter emergencial.

A eficácia da decisão vigora a partir de 30 de abril de 2008, quando vencerá o tempo de trabalho de 151 professores contratados temporariamente com base na lei.

Em janeiro deste ano, o desembargador Luiz Felipe Brasil Santos suspendeu liminarmente a vigência da lei. Contra essa decisão, a procuradoria-geral do Estado agravou ao Órgão Especial.

Para o relator, desembargador Brasil Santos, “não se enquadra no conceito de urgência a necessidade cunhada pelo próprio Estado, que primeiro cria o serviço, sem previsão de quadros regulares, e depois invoca tal situação como caracterizadora de emergência para contratações temporárias”. Considerou que “a urgência aí é fruto exclusivo da própria ineficiência da administração”.

Entendeu o magistrado que houve flagrante desrespeito à decisão da Corte que, em 27 de novembro de 2006 declarou a inconstitucionalidade da Lei Estadual precedente, de nº 12.416/05: “ao fim e ao cabo, não há diversidade no conteúdo das normas postas em julgamento, pois tendo sido a lei anterior (que prorrogava contratos) julgada inconstitucional, a administração, editando outro diploma, cuidou de autorizar novas contratações”.

Para propor o final do mês de abril de 2008 como início da eficácia da decisão, o desembargador Luiz Felipe considerou o excepcional interesse público e o fato de o Estado do Rio Grande do Sul estar tomando providências para realizar concursos e prover os cargos já criados. Considerou também que já existem 77 professores concursados aguardando nomeação. Notícia do Última Instância.

O que não decolou em 2007

Os brasileiros compraram em 2007 mais de 10 milhões de computadores, 23% mais que em 2006, segundo dados da Abinee. Desse total, 2,1 milhões foram notebooks - nunca se vendeu tanto laptop no Brasil.

Muitas dessas máquinas se conectaram à Web e a Internet brasileira cresceu 21%, alcançando a marca histórica de 39 milhões de usuários, de acordo o Ibope/NetRatings. Esses internautas ajudaram a empurrar a banda larga no País, com conexões que já chegam a velocidades para o usuário final de até 10 MB.

E, a telefonia celular deverá fechar este ano com 118 milhões de terminais em uso, prevê a Anatel. Com tantos consumidores ávidos por novidades hightech, a indústria jogou muitos lançamentos no mercado em 2007, mas nem tudo caiu no gosto popular. O WNews fez uma pesquisa sobre algumas tecnologias que ainda não emplacaram, que ficaram para o próximo ano e histórias que foram vexatórias para o mundo da tecnologia. Confira!

PARA CONFERIR, CLIQUE NO TÍTULO DA PRESENTE POSTAGEM.

Brasil estará entre as 5 maiores potências mundiais, segundo pesquisa divulgada nos Estados Unidos

Durante a última Conferência Mundial da TEC/Vistage nos Estados Unidos, um dos líderes da Fundação Milken, Michael Milken, divulgou resultados de uma pesquisa que aponta o Brasil entre as 5 maiores potências mundiais até 2040. É a primeira vez que o país é incluído num levantamento como este, ao lado da China, Estados Unidos, Alemanha e Estados Unidos.

Fatores como o desenvolvimento de uma tecnologia única do país em agricultura tropical, uma elite bancária eficiente, um sistema financeiro sólido e de alta tecnologia, recursos naturais e grandes descobertas de novas reservas minerais, e ainda a quase eliminação do analfabetismo colocam o Brasil no foco da economia mundial, “O Brasil está vivendo um momento inédito, sendo visto de fora com mais otimismo do que nós mesmos podemos avaliar. Os próximos 30 anos poderão levar o Brasil a um novo papel neste cenário de grandes potências”, afirma Antonio Cortese, diretor da TEC Brasil e um dos 7 brasileiros presentes à conferência.

A TEC/Vistage é uma organização internacional que congrega 10 mil dirigentes e executivos de empresas de renome em 16 países. Na prática, trata-se de um grupo, que reúne profissionais do primeiro escalão, periodicamente, para discutir estratégias, sinergias corporativas e trocar experiências comuns ou não ao dia-a-dia dos negócios. No Brasil há 11 anos, a TEC tem como líderes Antonio Cortese e Luiz Paulo Ferrão, ex-executivos do Citibank e da Ferro Enamel e Degussa respectivamente.

FORÇA DA ECONOMIA?

A taxa de aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se recuperou em dezembro, já que o forte ritmo da atividade econômica garantiu uma melhora no padrão de vida e das perspectivas de emprego no país, mostrou uma pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na quarta-feira.

Em dezembro, 51 por cento avaliaram que o governo Lula está fazendo um trabalho bom ou ótimo —número maior que os 48 por cento de setembro. É a maior popularidade do presidente em um ano e a segunda maior desde que ele assumiu o cargo, em janeiro de 2003.

A recuperação se deve a uma melhoria geral no padrão de vida e das perspectivas maiores para obtenção de emprego, disse Marco Antonio Guarita, diretor da CNI. "As pessoas estão mais otimistas com a economia", afirmou Guarita em entrevista coletiva em Brasília.

CASO O CARO LEITOR ALMEJE LER A ÍNTEGRA DESTA NOTÍCIA FAVOR CLICAR NO TÍTULO DA PRESENTE POSTAGEM. OBRIGADO

DOR DE COTOVELO

Ainda contrariado pela rejeição sofrida pela bancada peemedebista, o senador Pedro Simon (RS) subiu à tribuna do Senado para atacar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva logo depois da posse de Garibaldi Alves (PMDB-RN) na presidência da Casa. Pedro Simon acusou o governo federal de "interferir de forma grosseira na eleição de Garibaldi".

"Tenho muitas restrições que são profundas dentro da bancada. Tenho restrições ao comando e o comando tem a mim. Mas só fui rejeitado porque saiu uma mensagem do Palácio (do Planalto) dizendo que Pedro Simon não era de confiança, dizendo que Pedro Simon era imprevisível nas atitudes que ele vai tomar", disse Simon.

O senador ainda atacou diretamente o presidente Lula: "perdão presidente Lula, mas eu mereço uma explicação. Eu sou político muito mais velho que Vossa Excelência. Vossa Excelência não era nem líder sindical e eu já era político. Tenho 25 anos nessa casa", reclamou Pedro Simon.

O que segura o PIB

Algo intriga os economistas. De todos os países emergentes relevantes, o Brasil é hoje aquele que apresenta o melhor desempenho em vários setores empresariais. Tome-se, como exemplo, a indústria automobilística. Neste ano, as vendas devem crescer 28% no Brasil.

É mais do que os 26% da Argentina, os 21% da Rússia ou os 18% da Índia e da China. Apesar disso, o Brasil é o país com a menor taxa de expansão econômica – o que se projeta é um salto de 4,5% no PIB, enquanto os demais rodam a taxas de 6%, 8% ou até 10%. Pode-se alegar que o crescimento não é medido apenas pelo setor de automóveis. É verdade. Mas se a comparação for feita no agronegócio, na construção civil e em várias outras atividades, o Brasil também está melhor do que seus concorrentes. O que, então, explicaria uma diferença tão grande? Para alguns analistas, a resposta pode estar na estatística. “O Brasil está subestimando seu crescimento econômico”, garante o economista Francisco Lopes, que presidiu o Banco Central e é dono da consultoria Macrométrica. “Se a China adotasse um padrão de cálculo do PIB semelhante ao nosso, eles cresceriam dois ou três pontos a menos.”

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França: jornalista é processado por publicar informações secretas

Uma matéria publicada em abril deste ano pelo jornal Le Monde assegurava que o serviço secreto da França alertou seus colegas americanos, em janeiro de 2001, sobre os planos da Al Qaeda de seqüestrar aviões. Assinada pelo jornalista Guillaume Dasquié, a reportagem se baseou num relatório secreto da Direção Geral de Segurança Exterior (DGSE).

Dasquié foi processado pelo Ministério da Defesa pela divulgação dessas informações e, nesta semana, o juiz antiterrorista Philippe Coirre decidiu abrir o processo pela difusão de documentos "que têm caráter secreto da defesa nacional".

Se perder o processo, o jornalista pode ser condenado a cinco anos de prisão e multa de 75 mil euros (R$ 194 mil).

O diretor do jornal, Eric Fottorino, declarou nesta sexta-feira (07/12) que esse processo, que causou mal-estar na redação, se trata de um ato "grave e chocante".

(*) Com informações da Agência Efe.

Notícia do Comunique-se.

Onde estarão os monges de Mianmar?

Num pequeno mosteiro birmanês, viviam 100 monges, sobraram 31; noutro, eram 1.800. Desapareceram 1.000. Por toda Mianmar, a dúvida persiste: onde estão os monges? O governo reconhece que, durante os protestos, fez 3.000 prisões de monges e de civis. Mas garante que só 90, os líderes, permanecem atrás das grades.

É difícil que qualquer um dos números seja verdade. Monges foram assassinados, ninguém sabe quantos. Muitos deixaram seus mosteiros com medo da violência policial e tomaram o rumo do interior. Vivem escondidos. Ainda há os que, tendo sido presos, foram obrigados a largar seus mantos para substituí-los por roupas civis.

Alguma coisa aconteceu: eles desapareceram. A única informação que há por parte do governo, no entanto, é que não há nada de novo e a calma reina no país após a desordem. Os diplomatas estrangeiros não conseguem notícias.


O questionamento segue no weblog do Pedro Dória.


terça-feira, 11 de dezembro de 2007

44% dos brasileiros dizem que abandonaram fonte de informação nos últimos 12 meses por perda de confiança

VI O MUNDO:

No Brasil, 45% disseram considerar confiável ou parcialmente confiável o noticiário, enquanto só 30% disseram o mesmo em relação ao "nosso governo". Mas a confiança na mídia ficou bem abaixo da média (63%) e no governo também (52%). De fato, a maioria dos brasileiros disse não confiar na mídia (55%). O índice de desconfiança é alto também no Reino Unido (53%), Coréia do Sul (55%) e Alemanha (57%).

LEIA MAIS CLICANDO NO TÍTULO.

O PAVOR DOS MILITARES NORTE-AMERICANOS

Arsenal atômico: Paquistão ameaça responder a países

Os militares do Paquistão advertiram nesta terça-feira que irão responder energicamente contra qualquer tentativa internacional de se apoderar do arsenal atômico do país, num momento em que o exército realizava, com êxito, um teste com um míssil de cruzeiro capaz de transportar ogivas nucleares.

(...)

O avanço dos militantes talibãs nas regiões do noroeste do Paquistão, na fronteira com o Afeganistão, faz temer a comunidade internacional com a possibilidade de que os radicais ameacem as armas nucleares paquistanesas ou que tentem se apoderar delas.

PARA LER MAIS CLIQUE NO TÍTULO DESTA POSTAGEM.

China e Cuba: dois pesos (econômicos) e duas medidas

Enquanto o "mundo desenvolvido" fustiga Cuba com embargos econômicos e exigência na área de "direitos humanos " e "liberdade de imprensa", a União Européia faz uma "celebração dos êxitos e realização do desenvolvimento sustentável" na China, durante a 4ª Cúpula Sino-Européia de Indústria e Comércio.

O primeiro-ministro português, Jose Sócrates e o presidente da Comissão Européia (CE), Durão Barroso estiveram com o presidente chinês, Hu Jintao. Ambos participam do 10º Encontro entre os Líderes Chineses e Europeus. É como se diz por aí: negócios são negócios.


Via Periferia do Império.

O Jardim do Vizinho

(...)

Quando morei na Argentina, realizei entrevistas com pessoas que haviam ocupado cargos de ministros, embaixadores e outras altas posições numa série de governos do país vizinho, em particular o período de Carlos Menem (1989-1999). Todos me diziam a mesma coisa: a de que o Brasil estava no caminho de se transformar numa grande potência, porque havia feito as escolhas corretas e perseguido políticas públicas coerentes, em particular nas áreas do desenvolvimento econômico e da política externa. Em contraste, criticavam a Argentina por sua extrema instabilidade e pelas constantes mudanças de rumo.

A comparação não é novidade para os especialistas na comparação entre os dois países. A quem se interessa pelo assunto, recomendo o soberbo livro "Ideas and Institutions: developmentalism in Brazil and Argentina", da minha querida mestra Katryn Sikkink, que aliás conheci em Buenos Aires. O início é uma obra-prima: a autora comenta a visita que fez ao Memorial JK em Brasília (que ela compara ao túmulo de Napoleão) com sua experiência de pesquisa no modesto centro de estudos dedicado a Arturo Frondizi. O ex-presidente argentino entre 1958-1962 teve programa muito semelhante ao nosso Juscelino, mas foi derrubado por um golpe militar ao qual se seguiram anos de turbulência e crise.

O que deu certo no Brasil? Basicamente, aqui houve desde a Revolução de 1930 um esforço consciente em criar uma elite no funcionalismo público dedicada aos temas econômicos mais importantes. Começou de maneira hesitante com o DASP e depois resultou na criação da Petrobras, do BNDES, e no fortalecimento do processo de treinamento nas Forças Armadas, no Ministério da Fazenda e no Itamaraty. Esse corpo permanente de tecnocratas manteve um alto grau de continuidade, mesmo nas transições (sempre muito negociadas) entre democracias e ditadura.

No fim dos anos 1950 o PIB do Brasil era apenas levemente superior ao da Argentina. Hoje, é cerca de quatro vezes maior. O crescimento da economia brasileira foi acelerado e constante, enquanto a Argentina seguiu um ciclo instável de stop-and-go, muito motivado por suas repetidas crises políticas. Afinal, foram 6 golpes militares entre 1930 e 1976, fora diversas insurreições mal-sucedidadas, guerrilhas, a guerra das Malvinas e a quase-guerra com o Chile. Não há prosperidade que resista. Alguns falam do "milagre do sudesenvolvimento argentino" e a maioria trata com nostalgia da era de ouro do início do século XX, quando a renda per capita do país era mais alta do que a da Espanha ou a da Itália. O célebre economista sueco Gunnar Myrdal chegou a dizer que só existiam quatro tipos de países: desenvolvidos, em desenvolvimento, Japão e Argentina.

Este é um trecho. O texto completo em Todos os Fogos o Fogo.
E a propósito, o texto do La Nación, pode ser encontrado aqui.

O Brasil visto da Argentina

Na Argentina, o diário La Nación diz a respeito do Brasil:

É a décima maior economia do mundo;

Maneja 40% do mercado de carnes do mundial;

É a oitava bolsa de valores por volume, tendo crescido 1.600% nos últimos cinco anos;

As exportações – 137 bilhões de dólares – dobraram em quatro anos.

E, por fim, a comparação que deixa os argentinos danados:

Nos anos 1940, o PIB de toda América Latina era igual ao argentino; hoje, o Brasil tem o tamanho de quatro Argentinas.

(Há de ser bom mesmo viver num país destes.)

Mas, no fim, como sugere à repórter Florência Carbone um de seus entrevistados, em meados dos anos 1990, só se falava do modelo chileno; pouco depois, vitorioso era o modelo argentino. Agora é a vez do Brasil. O quanto isto vale de fato? E, se vale, perguntam-se os jornalistas nossos vizinhos: qual o segredo do Brasil? A série inclui três artigos e uma reportagem.

Algumas coisas – a auto-suficiência em petróleo, por exemplo – é trabalho sólido. A Petrobras vem investindo há muitos anos, já, em tecnologia de extração. Some-se a alta dos preços do barril, que faz compensar a retirada de petróleo a grandes profundidades, e o investimento compensa.

O La Nación destaca também que aos oito anos do governo FHC seguem-se mais oito de Lula que, embora vindos de grupos de oposição um ao outro, dão seqüência ao mesmo jogo de políticas públicas. Há continuidade de governança. A política externa do atual governo também recebe elogios do principal jornal conservador argentino.

Daí, seguem-se fatores que os argentinos não podem controlar: o Brasil tem quatro vezes mais terra e uma população cinco vezes maior. Tem recursos minerais, do ferro ao carvão. Ajuda um bocado no processo de industrialização. Mas o momento chave em que, o jornal considera, Brasil e Argentina se separaram de vez faz muito tempo: a década de 1940. À época, quando o país deles era um riquíssimo agroexportador, os interesses do setor não permitiram o desenvolvimento de um parque industrial. Foi exatamente o que o Brasil fez. Desde então, a Argentina empobreceu e o Brasil enriqueceu.



O texto segue no Weblog do Pedro Dória.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Brasil é colônia digital e Microsoft atua no país "como um traficante"

VI O MUNDO:

Linux, Firefox, GNU, código-fonte - você não gostaria de saber do que se trata para poder entender a próxima conversa que ouvir a respeito? O assunto é muito importante para que você fique na ignorância. Estamos falando em liberdade de criação e difusão de conhecimento. Por isso, fique frio. A entrevista que fiz com um jovem empresário brasileiro, o Kauê Linden, tem exatamente esse objetivo: o de fazer com que você entenda o básico.

Os gurus Stallman e MadDog têm milhares de seguidores em todo o mundo. Gente que acredita no software livre. Que diabo é isso? Por comparação: o Windows, do Bill Gates, você compra na loja ou já vem instalado em seu computador. Você aprende a mexer com ele, se acostuma e fica "viciado". Mas, se quiser, não pode mexer nele. Está sentindo o sapato apertado? Vai morrer com ele no pé.

CLIQUE NO TÍTULO.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Do Blog Entrelinhas: Dica de leitura no Estadão de hoje

Vale a pena ler a entrevista abaixo, do historiador Carlos Guilherme Mota, publicada neste domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo. É uma análise vigorosa.

Você também está atrás das grades

Fred Melo Paiva

No final dos anos 70, Carlos Guilherme Mota costumava receber em sua casa a visita do também historiador Caio Prado Júnior. Tomavam vinho juntos. Caio Prado gostava dos chilenos da marca Concha y Toro. Carlos Guilherme gostava de Caio Prado - sentia-se visitado pela versão brasileira de um Eric Hobsbawm. Diante do grande mestre, tentava extrair dele “umas cinco frases para repassar aos seus filhos e alunos”. Certa vez, foi direto ao ponto: “Professor, qual é a sua mensagem? O que o senhor me diz sobre a história do Brasil?”. Caio Prado Júnior respondeu: “O Brasil é muito atrasado”. Carlos Guilherme Mota achou a frase “um pouco pobre”. Insistiu: “Mas como assim?”. O Caio: “Muito atrasado. Muito”. Carlos Guilherme deixou pra lá.

“Historiador das idéias”, Carlos Guilherme Santos Serôa da Mota é professor titular de história da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade São Paulo (FFLCH-USP) e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Foi diretor-fundador do Instituto de Estudos Avançados da USP. É pesquisador da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas. Autor, entre outros, de Ideologia da Cultura Brasileira (Editora 34), prepara-se para o lançamento de História do Brasil - Uma Interpretação (Senac), escrito em parceria com sua mulher, a historiadora Adriana Lopez.

Na semana que passou, Carlos Guilherme Mota lembrou-se muito da frase de Caio Prado Júnior. E à luz dessa lembrança, ele concedeu ao Aliás a entrevista que segue:

A história do sistema prisional no Brasil é uma seqüência de atos de barbárie?

Quando houve a Inconfidência Mineira, ou mesmo a Revolta dos Alfaiates, as condições carcerárias eram miseráveis. Há descrições disso. E olha que foram presos ouvidor, desembargador, advogado. Tem-se a idéia de que (o jurista e poeta luso-brasileiro) Cláudio Manuel da Costa não teria suportado a situação e cometido suicídio. Mais adiante, em 1817, revolucionários do Nordeste foram presos na Bahia, entre eles Antônio Carlos de Andrada, irmão de José Bonifácio, e o clérigo Francisco Muniz Tavares. Eram pessoas, digamos, de alto coturno, tiveram alguns privilégios. Ainda assim seus testemunhos do cárcere são um horror. Durante todo o século 19 as condições são, sim, de barbárie. Não há a idéia de cidadania como a temos hoje, nem minimamente. Nos anos 1920 e 1930, comunistas e anarquistas eram recolhidos em presídios como o famoso Maria Zélia, no bairro da Liberdade, em São Paulo. Ficavam confinados em solitárias com água pingando na cabeça. Imperava por aqui - e de alguma forma ainda impera - a lei da fazenda: se você fez alguma coisa errada, mando um capanga te pegar. Se você é um criminoso, significa que pode ser morto. É por isso que, risonhamente, diz-se que a única contribuição que o Brasil deu para a república no mundo foi a tocaia. Aqui sempre houve exímios matadores.


A entrevista continua no Blog Entrelinhas.


Chávezwood

Meu amigo Leonardo me chamou a atenção para reportagem na BBC sobre a Villa del Cine, o estúdio de cinema criado por Chávez para produzir filmes sobre a América Latina. A produção de estréia é “Miranda Regresa”, sobre uma das mais extraordinárias personalidades da história do continente: Francisco de Miranda, um dos grandes precursores da independência dos países sul-americanos. Intelectual iluminista, conspirador liberal, mulherengo, aventureiro. Napoleão o comparou a Dom Quixote, a imperatriz Catarina da Rússia o tomou como amante, San Martin, Danton, Alexander Hamilton e Thomas Paine foram seus amigos. Lutou pela Espanha contra os mouros na África e os ingleses no Caribe, foi marechal dos exércitos da Revolução Francesa, voltou à América e serviu como general junto a Bolívar. As fotos que ilustram os posts são do filme.

O que nós, brasileiros, sabemos sobre uma vida tão fantástica?

Nada.

O outro projeto da Viila del Cine também promete: uma biografia de Toussaint L´Ouverture, dirigida pelo ator americano Danny Glover. O astro de máquina mortífera tem compromisso na luta anti-racismo, que se traduziu em filmes sobre o apartheid. Natural que queria filmar a vida de um líderes da revolta negra no Haiti – que já rendeu o belíssimo romance “O Reino Deste Mundo”, do cubano Alejo Carpentier e o poema de Aimé Cesaire. Chávez deu US$18 milhões a Glover para o filme – o dinheiro veio da venda de títulos da dívida externa argentina, que o presidente comprou para ajudar aquele país no momento da renegociação do débito.

E de Bolívar, nada? Claro que sim. Também há o projeto de adaptar o romance de Garcia Márquez sobre os amargos dias finais do Libertador, “O General em seu Labirinto”.

Convenhamos: vocês conhecem outra produtora de cinema que tenha um catálogo tão apetitoso de projetos em andamento? A "Lulawood" da Petrobras e do BNDES andam mais ocupados financiando pastiches das novelas da Globo e o próximo melodrama envolvendo apresentadoras de programas infantis, duendes, golfinhos ou outra experiência destinada a provar a inexistência de cérebros nas platéias brasileiras.


O texto, bem interessante, continua em Todos os Fogos o Fogo.

Adam Freeland: We Want Your Soul



Da BlipTV, visto na Periferia do Império.