sexta-feira, 7 de março de 2008

É preciso atenção à retaguarda

Nessa confusão toda, quem revelou uma maturidade de chefe de Estado foi o presidente Rafael Corrêa, que certos comentaristas, no Brasil, por motivos ideológicos, insistem em classificar no time dos porra-loucas esquerdistas. Sem gestos teatrais, ainda que suba o tom nas declarações aqui e ali, está fazendo o que lhe cabia, um périplo pela vizinhança, para obter apoio em uma reação contra Uribe. Considerando que há sérias acusações colombiabnas contra o Equador e Venezuela por suas ligações com as Farc, ele consegue, também, explicar o que pode ser apenas uma legítima negociação do governo equatoriano para liberar reféns e evitar problemas com os guerrilheiros. Usar o argumento de incursão preventiva, como fza o governo colombiano, é um péssimo precedente para a região.

As acusações de Uribe são graves, mas longe de serem incontestáveis. Algumas são verossímeis. Outras parecem recurso para desviar a atenção e legitimar a invasão que fez ao Equador.

Um detalhe interessante: os EUA, ao apoiarem a ação colombiana, a classificaram como ação contra o terrorismo, não contra o narcotráfico, costumeiramente apontado como a atual razão de ser das Farc. Claro que isso se deve à vinculação feita em Washington com a propaganda para justificar os atos dos EUA no Oriente Médio. Mas não deixa de ser curioso. Se o tráfico fosse a atividade principal da guerrilha, como explicar que se envolvam no complicado, trabalhoso e incerto ofício de seqüestradores, para sustentar suas atividades. Os vínculos das Farc com ot ráfico de drogas também são uma dessas certezas pouco provadas e pouco pesquisadas. Eu gostaria de ter mais infomações a respeito.

Também é melhor esperar mais informações que permitam dizer qual a natureza real dos contatos entre Venezuela, Equador e Farc, se é verdadeira a denúncia de financiamento por parte da Venezuela (verossímil, mas não provada). Me parece que essa tem sido a posição do governo brasileiro. Independentemente das evidentes simpatias de membros do governo brasileiro para com as Farc (as quais não compartilho), seria ingenuidade ou precipitação tomar partido nessa questão, no Brasil.

Enquanto isso, para melhor avaliação das chances de guerra na fronteira, trago aos bons leitores deste sítio dados para melhor avaliar as condições da mais bem guarnecida retaguarda colombiana:


Outro post do Ralações Internacionais, colocando uma pitada de humor na crise.


Nenhum comentário: