quinta-feira, 22 de maio de 2008

Os "ianomâmis" e os "misquitos"

Tomás Borge, moreno, baixo, forte, atarracado, que conheci na Nicarágua, em julho de 79, como ministro do Interior, logo depois que os sandinistas puseram o ditador Somoza para correr, era o mais velho dos líderes da guerrilha e, na hora da vitória, o único sobrevivente dos 10 que fundaram a Frente Sandinista e subiram as montanhas em 1961.

- Olha, vocês no Brasil tomem cuidado. Na Nicarágua, na luta contra Somoza, os índios "misquitos", que viviam numa das nossas fronteiras, creio que com Honduras, não apoiaram os sandinistas. Nós decidimos não hostilizá-los e até, no poder, pensamos em nos aproximarmos deles.
- E como é que as coisas se desenrolaram?
- Logo começaram a aparecer, na mídia hostil à Nicarágua sandinista, "informações" sobre o "genocídio dos misquitos" pelo novo governo ou com a nossa cumplicidade.

"Informações", é claro, acompanhadas de apelos em favor da criação e reconhecimento de uma nação independente dos "misquitos", destacada do território da Nicarágua e de território correspondente do outro lado da fronteira.
Leia o artigo de Sebastião Nery na TRIBUNA DA IMPRENSA.

4 comentários:

José Elesbán disse...

Tudo bem, a paranóia, mas misquitos são misquitos e ianomânis, ianomânis.
Misquitos eram (são) indígenas aculturados, cristãos, alfabetizados.
Ianomânis, se não me engano, são semi-isolados, fetichistas e ágrafos.
Para comparar com os misquitos, seria melhor falar dos grupos indígenas que vivem, por exemplo, na região da "Cabeça de Cachorro", no noroeste do estado do Amazonas, que são aculturados, se identificam como brasileiros, sendo inclusive grande parte do efetivo do exército na região.

José Elesbán disse...

Reservas indígenas são parte integrante do território brasileiro, e, em caso de necessidade, podem ser ocupadas por Polícia Federal, e forças armadas do país.

José Elesbán disse...

Acho que deveríamos nos mais com a Guiana "concedendo" à Grã-Bretanha o manejo de sua parte da floresta amazônica.
Este é um risco maior. Pelo menos para mim.

Jean Scharlau disse...

Zé Alfredo, não me parece que o importante aqui seja o tipo de cultura dos índios, mas sim o tipo de cultura de quem os manipula e usa.

Vou procurar um artigo interessante que trata dos Ianomamis e se achar colo aqui.

Não se pode ocupar um território em caso de necessidade. Ou o território está ocupado ou não está.