terça-feira, 4 de novembro de 2008

Marilza de Melo Foucher: Outono neoliberal no Norte, primavera no Sul? Nada será como antes

A crise financeira e econômica deslanchada no templo do capitalismo neoliberal, talvez seja salutar para a social-democracia e a esquerda democrática, e lhes levem a pensar na redefinição do papel do estado no socialismo democrático. O capitalismo, como previu Marx se fez universal e hoje assistimos a sua explosão. Entretanto, devemos tirar lições do acontecido no século passado e não ceder a certas falsas verdades, tendo em vista que devemos admitir que toda teoria pode ser contraditória, e que um pensamento deve estar aberto a outros pontos de vista, na perspectiva da consideração de suas contradições. O momento é de balanço e de busca de alternativas para o enfrentamento da globalização excludente. Isto vai depender da capacidade da esquerda de criar um novo universo político de transformação social de re-politização global da realidade.

A esquerda européia não deve se contentar de fazer o diagnóstico da crise financeira. Ela deve ter capacidade de reagir e fazer proposições face à desordem internacional deixada pela governança mundial, ditada pela doutrina neoliberal. Infelizmente durante os anos 1980/1990, durante os quais a democracia social esteve no poder em vários países europeus, a reação crítica à globalização econômica foi mínima. Tampouco houve oposição ao modo de governança mundial não compartilhada que será consolidada no inicio dos anos 1990 pelas grandes organizações internacionais, lideradas pelo FMI e Banco Mundial. Os governos das grandes potências mesmo ditos socialistas ou social democratas preferiram legitimar esse novo imperialismo que, operado em forma de consórcio internacional, passou a ditar normas diretivas como referencias maiores da doutrina econômica neoliberal. O novo imperialismo passou a ser multilateral (retomo o que já escrevi nesse sentido).
As agências multilaterais prescreveram o receituário da “boa governança” que refletia o poder hegemônico das finanças dos detentores do capital, principalmente americanos e em seguida europeus. Eles pretendiam administrar o aparelho de Estado dos países do Sul, pelo centro do sistema do capitalismo mundial, neutralizando desta maneira o poder dos Estados como entidades reguladoras. Os Estados do chamado Sul, incluindo os países emergentes passaram a ser mais e mais desconsiderados no cenário internacional.


Vejam o texto completo no Portal da Fundação Perseu Abramo

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