sábado, 7 de março de 2009

Pastoral da Terra divulga nota pública sobre Gilmar Mendes

O ministro Gilmar Mendes não esconde sua parcialidade e de que lado está. Como grande proprietário de terra no Mato Grosso ele é um representante das elites brasileiras, ciosas dos seus privilégios. Para ele e para elas os que valem, são os que impulsionam o "progresso", embora ao preço do desvio de recursos, da grilagem de terras, da destruição do meio-ambiente, e da exploração da mão de obra em condições análogas às de trabalho escravo. Gilmar Mendes escancara aos olhos da Nação a realidade do poder judiciário que, com raras exceções, vem colocando o direito à propriedade da terra como um direito absoluto e relativiza a sua função social. O poder judiciário, na maioria das vezes leniente com a classe dominante é agílimo para atender suas demandas contra os pequenos e extremamente lento ou omisso em face das justas reivindicações destes. Exemplo disso foi a veloz libertação do banqueiro Daniel Dantas, também grande latifundiário no Pará, mesmo pesando sobre ele acusações muito sérias, inclusive de tentativa de corrupção.”

O texto acima é parte de nota pública da Comissão de Pastoral da Terra sobre o ministro Gilmar Mendes, divulgada no Terra Magazine.


4 comentários:

José Elesbán disse...

Outro trecho:

“Esta medida de dar prioridade aos conflitos agrários era mais do que necessária. Quem sabe com ela aconteça o julgamento das apelações dos responsáveis pelo massacre de Eldorado de Carajás, (PA), sucedido em 1996; tenha um desfecho o processo do massacre de Corumbiara, (RO), (1995); seja por fim julgada a chacina dos fiscais do Ministério do Trabalho, em Unaí, MG (2004); seja também julgado o massacre de sem terras, em Felisburgo (MG) 2004; o mesmo acontecendo com o arrastado julgamento do assassinato de Irmã Dorothy Stang, em Anapu (PA) no ano de2005, e cuja federalização foi negada pelo STJ, em 2005.

Quem sabe com esta medida possam ser analisados os mais de mil e quinhentos casos de assassinato de trabalhadores do campo. A CPT, com efeito, registrou de 1985 a 2007, 1.117 ocorrências de conflitos com a morte de 1.493 trabalhadores. (Em 2008, ainda dados parciais, são 23 os assassinatos). Destas 1.117 ocorrências, só 85 foram julgadas até hoje, tendo sido condenados 71 executores dos crimes e absolvidos 49 e condenados somente 19 mandantes, dos quais nenhum se encontra preso. Ou aguardam julgamento das apelações em liberdade, ou fugiram da prisão, muitas vezes pela porta da frente, ou morreram”

No Terra Magazine.

René Amaral disse...

Parece haver duas igrejas católicas diametralmente opostas em suas visões do homem e da sociedade. Uma que excomunga covardemente gente que cumpriu o dever humanitário de interromper uma gravidez imoral e criminosa, a outra que corajosamente enfrenta o pior tipo de criminoso, criminoso togado, pago pelo estado para manter a lei e a ordem e que faz exatamente o oposto, soltando criminosos milionários de seu grupo pôdre e condenando os já condenados pela pobreza e pela fome nessa nação de desigualdades! Prefiro a segunda, da primeira espero uma excomunhão sumária!

Anônimo disse...

Comentário:
O STF, órgão maior do Judiciário pede repressão contra os Trabalhadores Rurais Sem Terra, pais de família, que nos ultimos anos foram assassinados 1.500 pelos jagunços do latifúndio. O presidente do STF mostra de que lado está ao defender os jagunços armados do latifúndio e pedir repressão aos Trabalhadores. E o Brasil continuará, campeao de concentração de renda, de pobreza, de mazelas e violência no campo e na cidade, por conta de gente como esse tal de Gilmar Mendes alcaide do STF, porta voz desta elite egoista e de mercenários da pena.

José Elesbán disse...

Ilari,
Eu vejo nos dois eventos, duas faces da mesma igreja. Quando ela vai em busca de justiça, na luta pela terra, em defesa de direitos humanos, os seus teólogos dizem que ela está ali defendendo a vida humana.
É o mesmo posicionamento que leva um bispo a uma exaltada condenação de ex-comunhão de médicos que praticam o aborto. A questão realçada aqui não é o abuso da criança, o estupro, mas a morte das crianças que ela leva no ventre, no raciocínio que dois erros não geram um acerto. É recorrente a história de freiras que foram estupradas em guerras, como a Segunda Guerra Mundial, e deram a luz às crianças, pelo mesmo motivo.