terça-feira, 21 de julho de 2009

Honduras: golpe ou "lição"?

O Departamento de Estado dos EUA finalmente decidiu explicitar que não reconhece ter havido golpe de Estado em Honduras. O porta-voz Phillip Crowley avalia -- rindo -- que o que se deu foi uma "lição" a Zelaya por ter se aliado à Venezuela:
Dept of State agrees with coup regime in Honduras that "no coup d'etat" has taken place; says should be a lesson to Zelaya not to follow Venezuela

O Brasil resolveu se posicionar mais claramente contra o golpe, avaliando a proposta dos EUA de criar um governo de coalizão como uma premiação aos golpistas, o que contraria a resolução da OEA de que Zelaya volte como presidente. Zelaya deveria voltar incondicionalmente:
Brasil e EUA divergem em relação a Honduras

A União Européia suspende mais de 65 milhões de euros de ajuda orçamentária a Honduras, após fracasso das negociações entre Micheletti e Zelaya:
UE congela más de 65 millones de euros de ayuda presupuestaria a Honduras

Secretário-geral da OEA alerta para possível guerra civil devido à manutenção dos golpistas em Honduras
Insulza: Es casi imposible evitar una guerra civil en Honduras

6 comentários:

Anônimo disse...

certamente não é ficção para os que morreram à mãos do pinocheletti.

Anônimo disse...

minhas desculpas ao blogger. sem óculos tinha lido ficção em vez de lição.

Hudson disse...

Saiu uma versão em espanhol do texto de Eva Golinger:

Washington: “No hubo un golpe de Estado en Honduras”, que el “episodio” sirva de “lección” a Zelaya y otros que siguen el modelo venezolano

José Elesbán disse...

Acho que está havendo um ruído nas traduções. O porta-voz de fato não gosta de Chávez, como fica claro. Mas a questão aqui é que ele não (pelo menos ainda não) "justifica" o golpe. Diz que seria bom se o golpe servisse de lição a Zelaya, mas quando perguntado sobre justificação ao golpe, ele cai de pau EM CIMA DE CHÁVEZ, reclamando que o presidente venezuelano tenta se envolver na política dos vizinhos, seja a ColÔmbia, seja Honduras, intimida a "livre imprensa" e as lamúrias costumeiras. Mas me parece que AINDA não está claramente justificano o golpe.

De novo o texto:

"QUESTION: Coming back to Honduras, we’re getting some reports out of the region that there might be some sort of rift now between Zelaya and the Venezuelan Government. Is that Washington’s understanding? And if so, is that something that can be leveraged as these negotiations move on? To put it another way, is Chavez out of the way, and does that make Washington happy?

MR. CROWLEY: (Laughter.) We certainly think that if we were choosing a model government and a model leader for countries of the region to follow, that the current leadership in Venezuela would not be a particular model. If that is the lesson that President Zelaya has learned from this episode, that would be a good lesson.

QUESTION: When you say that the Venezuelan Government is – should not be an example of government for any leader --

MR. CROWLEY: I’m a believer in understatement.

QUESTION: Can you say that again? (Laughter.) It’s like – it’s justifying, sort of, the coup d’état, because if any government try to follow the socialist Government of Venezuela, then it’s fair, then, that somebody can try to make it – you know, defeat the government or something like that? Can you explain a little bit where we’re – what was your statement about Venezuela?

MR. CROWLEY: Well, I think, as we have talked about and as the Secretary has said in recent days, we have, on the one hand, restored our Ambassador to Venezuela. There are a number of issues that we want to discuss with the Venezuelan Government.

On the other side of the coin, we have concerns about the government of President Chavez, not only what he’s done in terms of his own country – his intimidation of news media, for example, the steps he has taken to restrict participation and debate within his country. And we’re also concerned about unhelpful steps that he’s taken with some of this neighbors, and interference that we’ve seen Venezuela – with respect to relations with other countries, whether it’s Honduras on the one hand, or whether it’s Colombia on the other. And when we’ve had issues with President Chavez, we have always made those clear."

Anônimo disse...

zealfredo, sua advocacia do diabo não me convence, apenas porque o porta-voz fugiu do assunto. Onde foi que alguém disse que EUA "justificaram" o golpe?

A questão é que é a primeira vez em que a Casa Branca AFIRMA QUE NÃO HOUVE GOLPE, com todas as letras.

O apoio ianque aos golpistas é deduzido de sua atitude e das entrelinhas de suas declarações.

Hudson

José Elesbán disse...

Para mim, quem diz que não houve golpe aqui é o interrogador (repórter?). Mesmo ele não chega a dizer isto, ele diz que a atitude de Zelaya "justificou" o golpe.

Os Estados Unidos são os Estados Unidos. Já temos "post" mais recente denunciando seus intentos de "financiar a democracia".

Por enquanto eles ainda estão botando fé em Oscar Arias. Se achassem que não era golpe já teriam normalizado totalmente as relações com Honduras.