sexta-feira, 5 de março de 2010

A verdade e a mentira na batalha pela América Latina

Ángel Guerra e Cabrera
La Jornada

A Carlos Montemayor

A criação da Comunidade de Estados da América Latina e o Caribe decidida no encontro de Cancún é reflexo institucional de um nível qualitativamente superior na luta dos povos de nossa América por sua emancipação, integração e unidade. Expressa também a criação de uma correlação de forças mais desfavorável ao exercício da hegemonia dos Estados Unidos até finais da década dos anos 90, que ajudaria a explicar a crescente militarização da política imperial. As grandes batalhas populares contra o neoliberalismo conduziram ao surgimento de um conjunto de governos com politicas mais ou menos radicais mas independentes de Washington e estimularam em graus distintos segundo os paises e grupos sociais a elevação da consciência latinoamericanista, antimperialista e inclusive anticapitalista a toda extensão de nossa região. Chegado este momento a batalha de ideias passava a ser um componente decisivo do enfrentamento ao imperialismo.

Vejam uma tradução do texto integral no espaço de comentários e o original em REBELIÓN.ORG

4 comentários:

zejustino disse...

A verdade e a mentira na batalha pela América Latina

Ángel Guerra Cabrera
La Jornada


A Carlos Montemayor

A criação da Comunidade de Estados da América Latina e o Caribe decidida no encontro de Cancún é reflexo institucional de um nível qualitativamente superior na luta dos povos de nossa América por sua emancipação, integração e unidade. Expressa também a criação de uma correlação de forças mais desfavorável ao exercício da hegemonia dos Estados Unidos que até finais da década dos anos 90, que ajudaria a explicar a crescente militarização da política imperial. As grandes batalhas populares contra o neoliberalismo conduziram ao surgimento de um conjunto de governos com politicas mais ou menos radicais mas independentes de Washington e estimularam em graus distintos segundo os paises e grupos sociais a elevação da consciência latinoamericanista, antimperialista e inclusive anticapitalista a toda extensão de nossa região. Chegado este momento a batalha de ideias passava a ser um componente decisivo do enfrentamento ao imperialismo.

zejustino disse...

continuação:

A vitória eleitoral de Hugo Chávez na Venezuela e a derrota do golpe de Estado e o golpe petroleiro de 2002 – orquestrados por Bush – marcaram o ponto de conversão até a configuração do atual cenário geopolítico da América Latina, favorecido pela tenaz resistência de Cuba e consolidado pela chegada de Lula da Silva à presidência do Brasil. As vitorias populares que levaram ao governo a Evo Morales e Rafael Correa, permitiram a criação da Alba, um novo tipo de integração impulsionada pela Venezuela baseada na solidariedade e inspirada no socialismo renovado, que conjuntament com os governos da Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai deu um impulso sem precedente à integração latinoamericana, manifestada na criação da Unasur e a extensão da Alba até a América Central e o Caribe. Nem os governos de direita podem opor-se abertamente a esta tendência. As transformações sociais, culturais e avanços na criação do poder constituinte e na integração autônoma da América Latina e Caribe eram intoleraveis para os Estados Unidos e as direitas do continente desde o começo, mas a aventura colonial de Washington na Asia e a desmoralização das oligarquias locais pela debacle neoliberal impediu então a montagem de um plano contrarevolucionário à escala continental. Não obstante, se intensificou a campanha midiática contra os paises que logo integrariam a Alba, no caso de Cuba continuação da existente desde há meio século, unida a agressivos projetos desestabilizadores em Cuba, Venezuela e Bolivia.

A descarada intervenção ianque-uribista no Equador de 2008 mostrava já um plano muito mais articulado e abarcador do império contra os governos progressistas da região que intentava mete-los na rota maniqueista da guerra contra o terrorismo. Embora o repúdio do Grupo do Rio tenha diminuido muito o alcance da manobra, resurgem esporadicamente supostas conexões operativas desses governos com as FARC apoiando-se em fantasticas descobertas nos computadores de Raúl Reyes, como ocorre neste momento com o incidente diplomático fabricado pelo governo espanhol contra a Venezuela a partir de acusações sem sustento de um juiz ultradireitista da Audiência Nacional.

A criação da IV Frota, o golpe em Honduras e o estabelecimento das bases militares ianques na Colômbia evidenciaram que estava em marcha uma contraofensiva estadunidense cuidadosamente planejada que buscava minar, dividir e liquidar aos governos e movimentos populares e revolucionarios da região. O domínio midiático é decisivo para este projeto posto que a direita, diferentemente das forças populares, carece de argumentos convincentes mas confia fanaticamente na máxima goebbeliana de que uma mentira repetida mil vezes se converte em uma verdade.

Um revelador caso de estudo é a campanha propagandística que culpa o governo de Cuba pela morte do recluso Orlando Zapata com uma torrente
de manipulação e falsidades, que levou aos analistas Maurice Lemoine e Salim Lamrani a perguntarem-se por que os mesmos autores midiaticos desta exageração não se dão conta de incidentes muito mais graves em sistemas penais ocidentais, da dura repressão e assassinatos de lideres da resistência hondurenha ou da fossa comum com dois mil cadaveres de ativistas descobertas em La Macarena, na parte oriental da Colômbia.

Fuente: http://www.jornada.unam.mx/2010/03/04/index.php?section=opinion&article=024a1mun

José Elesbán disse...

He, he, he, ...
Este texto estava indo bem até chegar em Orlando Zapata.
Então quer dizer que toda exaltação da luta anti-imperialista e anti-colonialista da América Latina vem junto à defesa do governo cubano quando da morte de um presidiário cubano?

José Elesbán disse...

Insisto. Se Cuba não queria se incomodar, era dar condiçoes mais dignas ao Zapata. Mesmo que ele seja um delinquente comum. Embora me pareça que qualquer preso de Cuba seja um delinquente comum, ou Cuba admite que existam dissidentes políticos presos?