segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Para destituir a um presidente

Por Atilio A. Boron

Na criação das condições para produzir um "golpe de Estado institucional" com o que derrubou a Mel Zelaya em Honduras, o Congresso paraguaio parece disposto a converter-se na piada da América ao responsabilizar o ministro da Defesa, Luis Bareiro Spaini, pelo desaparecimento de... três fuzis no quartel do Comando do Estado Maior do Exército em Campo Grande! A acusação e o eventual ajuizamento político, que terá que ser aprovado pela Camara de Senadores de onde já foi expedido, ignora olimpicamente algo que os senhores deputados deveriam saber: no Paraguai, o ministro da Defesa não tem comando de tropa, de modo que não tem ingerência alguma nos quartéis ou destacamentos militares. O que neles ocorre é algo que excede suas atribuições. Mas essa nimiedade não dissuadiu aos conspiradores que necessitam valer-se de qualquer pretexto para despojar o presidente Fernando Lugo de um de seus mais leais colaboradores e, desse modo, abrir a porta para declarar sua inabilitação e, no caso do ex-bispo católico resistir, apelar às forças armadas para fazer cumprir a resolução do Congresso e executar sua ofensiva destituinte. Em outras palavras, reeditar o libreto preparado por Washington e exitosamente aplicado em Tegucigalpa, e dar um passo a mais na "normalização" da situação política nas indóceis comarcas ao sul do Rio Grande.


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