quarta-feira, 27 de abril de 2011

Os menores presos não eram um perigo para os EEUU

Só um dos 14 presos adolescentes forneceu informação relevante para a segurança dos Estados Unidos. - Os interrogadores do Pentágono classificaram a quase todos os reclusos mais jovens de Guantanamo como de nulo ou de baixo interesse.

"Não nos consta nenhuma razão para que o detido tenha sido enviado às instalações de Guantánamo". "Nós o avaliamos como um menino soldado que os talibãs obrigaram a alistar-se em suas tropas". "Não é membro da Al Qaeda nem um líder talibã. Não supõe uma ameaça aos interesses dos EEUU e de seus aliados". Estas são frases escritas pelo alto comando militar de Guantánamo. Elas se referem aos 14 menores de idade ou aos maiores de 65 anos que tem passado pela base militar ianque na ilha de Cuba durante os últimos nove anos.


Vejam mais detalhes em ELPAÍS.COM (ou no espaço de comentários deste post)

2 comentários:

zejustino disse...

Veja abaixo, em tradução livre, o texto completo deste post:

"Os menores presos não eram um perigo para os EEUU

Só um dos 14 presos adolescentes forneceu informação relevante para a segurança dos Estados Unidos. - Os interrogadores do Pentágono classificaram a quase todos os reclusos mais jovens de Guantanamo como de nulo ou de baixo interesse.

"Não nos consta nenhuma razão para que o detido tenha sido enviado às instalações de Guantánamo". "Nós o avaliamos como um menino soldado que os talibãs obrigaram a alistar-se em suas tropas". "Não é membro da Al Qaeda nem um líder talibã. Não supõe uma ameaça aos interesses dos EEUU e de seus aliados". Estas são frases escritas pelo alto comando militar de Guantánamo. Elas se referem aos 14 menores de idade ou aos maiores de 65 anos que tem passado pela base militar ianque na ilha de Cuba durante os últimos nove anos.

Este tipo de êrro clamoroso não afeta somente aos reclusos mais jovens e aos maiores, mas sim são muito mais abundantes que entre o resto dos presos. Trata-se ademais de erros cometidos com um dos grupos mais sensíveis do presídio. A permanencia de menores - em um cárcere que os EEUU abriu e mantem quase uma década após à margem da legalidade - tem provocado protestos recorrentes de associações de direitos humanos e advogados penalistas durante estes anos.

Os papeis de Guantánamo, que EL PAÍS tem tido acesso através de Wikileaks, permitem valorizar pela primeira vez o nível de risco e o valor informativo que os próprios comandos militares conferem a estes reclusos. E é difícil encontrar um resultado mais demolidor. Porque da leitura das fichas pessoais dos detidos se deduz que os EEUU não acreditam seriamente na culpalidade ou ameaça de quase 60%. Mas esta porcentagem entre os menores é todavia maior: os interrogadores só atribuiam risco "alto" - isto é, consideravam "provável" que supunham uma ameaça real - a quatro dos 14 menores.

(continua no próximo comentário)

zejustino disse...

Continuação do texto:

(...)
Mais demolidoras para o governo ianque são ainda dos dados sobre os meninos reclusos capazes de aportar informação valiosa para ganhar a "guerra contra o terror" iniciada pelo presidente George W. Bush após os ataques terroristas do 11-S. Porque os impulsores de Guantánamo sempre justificavam a necessidade de criar o presídio pelo valor da informação que pensavam obter. E entre os menores de 18 anos só há um ao qual as próprias autoridades da base atribuem um alto valor para seus serviços de inteligência. Trata-se do canadense Omar Ahmed Jader, filho de um substituto de Ozama Bom Laden, o único dos mais jovens de Guantánamo que hoje está na base militar. Há cinco casos os quais o redator do documento reconhece que a inteligência dos EEUU não pode extrair nenhuma informação da pessoa em questão. Os outros se dividem entre sete com valor "baixo", e dois com "médio".

É difícil quantificar o número exato de meninos e adolescente que tem passado por Guantánamo. Porque além destes 14 reclusos que tinham menos de 18 anos ao entrar no presídio (quatro deles, com 15 ou menos), outra dezena estava a ponto de cumprir a maioridade ou acabava de entrar nela. É o caso do saudita Amir Jan, que celebrou seu décimo-oitavo aniversário duas semanas depois de chegar a Guantánamo, e que é acusado de haver formado parte do movimento Hebzi Islami, do senhor da guerra afegão Gulbudin Hekmatiar. Segundo sua ficha, aos finais de 2002 se ofereceu para participar de um trabalho que implicava "matar americanos".

A pior parte, para os afegãos

Na repartição das injustiças, são os afegãos os que levam a pior parte. Só um dos sete tinha alto risco,. Entre as historias pessoais que iniciam cada documento, estão as do menino de 14 anos que se ofereceu para trabalhar como pedreiro e acabou alistado a força por um grupo de talibãs, de onde passou para mãos dos ianques; ou o afegão que trabalhava para um senhor da guerra fazendo trabalhos manuais e que quando chegaram os ianques não acreditou ser necessário abandonar o acampamento onde vivia. Foi preso e levado a Guantánamo.Os militares só resolveram estes casos com uma recomendação de deixar livre o preso ou traslada-lo para outro país. Todos os menores foram para a prisão entre 2002 e 2003, e a maioria saiu em torno de 2006, ainda assim alguns trasladados ficaram até 2009. Em média, permaneceram três anos e meio no presídio.

Apesar da linguagem burocrática que empregam os redatores dos informes, ás vezes deixam entrever algo de compaixão. Como na ficha de Naqib Ullá, um afegão que entrou em Guantánamo aos 14 ou 15 anos. "É um menino soldado que foi recrutado à força pelos talibãs. Apesar que possa ter algum valor para nossos serviços de inteligência, a informação de que dispõe não é tão importante como a necessidade de tirar o jovem de seu ambiente atual e dar-lhe uma oportunidade para que cresça fora do extremismo radical", disse o general Geoffrey Miller em um documento.

Junto às injustiças flagrantes, aparecem também outras histórias nas quais se retrata aos reclusos como verdadeiros yihadistas apesar de sua curta idade. Yusef Modaray deixou de de vendar frutas na rua para lutar durante vários meses na frente afegã ao lados dos talibãs. Do cárcere, Modary mandou uma carta a sua familia na qual expressava seu desejo de converter-se em um mártir. Também defendia em webs islamistas "matar a todos o ulemas sunitas que se aliem aos americanos e a todos os satânicos ayatolás entre os xiitas", segundo uma fonte indeterminada que cita o informe secreto."