terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

ESTAMOS TODOS A FICAR HIKIKOMORI


Primeiro veio o aviso de Alvin Toffler, em «The Third Wave» (1980): o de­sen­vol­vi­mento da tec­no­lo­gia no sen­tido da por­ta­bi­li­dade e da sua uti­li­za­ção do­més­tica ia per­mi­tir que o tra­ba­lho pu­desse ser feito em casa e não, ne­ces­sa­ri­a­mente, num open space empresarial.
No des­pon­tar da dé­cada se­guinte, esta já era uma re­a­li­dade so­cial e eco­nó­mica. Com um com­pu­ta­dor, li­ga­ção à Internet, um en­de­reço de email e um te­le­fone fixo ou um te­le­mó­vel, mui­tos de nós fo­ram man­da­dos dos es­cri­tó­rios para os seus apartamentos.
Depois, impôs-se a pre­ca­ri­e­dade como forma de la­bo­ra­ção: em vez de em­pre­gar os seus «co­la­bo­ra­do­res» (uma in­fe­liz de­sig­na­ção para re­fe­rir que o as­sa­la­ri­ado ape­nas co­la­bora, es­tando o nú­cleo das em­pre­sas nos seus ser­vi­ços ad­mi­nis­tra­ti­vos e de ges­tão), o sis­tema cor­po­ra­tivo pas­sou a en­co­men­dar ser­vi­ços externos.
Surgia o es­ta­tuto de «tra­ba­lha­dor in­de­pen­dente», pre­cá­rio, sem re­mu­ne­ra­ções men­sais fi­xas e sem di­reito a sub­sí­dio de de­sem­prego no caso de os «cli­en­tes» se mu­da­rem para a Tunísia ou para a China.
Finalmente, com a crise glo­bal dos sis­te­mas mo­ne­tá­rios e dos mer­ca­dos, veio a vul­ga­ri­za­ção do de­sem­prego. Quem tra­ba­lhava em casa, fi­cou em casa sem o que fa­zer. A sua, se ainda a con­se­gue man­ter, a casa dos pais, se nela ha­via um can­ti­nho para onde pu­desse vol­tar, ou ape­nas um quarto alu­gado na flo­resta de cimento.

Confira o texto completo no Bitaites.

Nenhum comentário: