terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Capitão América nas entrelinhas de jornais brasileiros

Por que o sujeito americano preso em território cubano é um suposto espião e os sujeitos cubanos presos em território americano são apenas espiões? E mais: por que há menção ao estado de saúde do preso americano, insinuando maus tratos, e nenhum destaque ao estado de saúde dos que estão presos nos Estados Unidos?
Estadão se expressou de forma muito semelhante em seu editorial. Sobre o lado americano: “Além de libertar três cubanos que haviam sido presos por espionagem [...]”; sobre Cuba: “Aceitou entregar dois prisioneiros americanos, também acusados de espionagem”. Pergunto de novo, por que os cubanos foram presos por espionagem e os americanos foram presos acusados de espionagem?
Trata-se de uma estratégia que não pode ser ignorada. Afinal, linguagem é poder. (...)

O Apocalipse adiado

Se fosse possível definir o ano de 2014 em relação à mídia tradicional, pode-se afirmar que as organizações de imprensa dominantes, aquelas que conduzem a pauta institucional e parte relevante da agenda pública, se revelaram como uma mente estranha no corpo social. Desde o primeiro dia do ano, com o país ainda assombrado pelas manifestações que haviam tomado as ruas em 2013, passando pelas previsões catastrofistas para a Copa do Mundo, e concluindo com a eleição presidencial, os jornais de circulação nacional e os principais noticiosos do rádio e da televisão desenharam um quadro de fim de mundo que nunca chegou perto de se tornar realidade.
Olhando-se para trás, vê-se que a sociedade seguiu sua rotina de cuidar da própria vida, enquanto o carnaval da imprensa desfilava suas profecias apocalípticas de empobrecimento do brasileiro. Na terça-feira (23/12), porém, informa-se que o endividamento das famílias é menor do que há um ano, e o comércio está fervendo. No entanto, segundo a pesquisa divulgada na sexta-feira (19), pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, os jornais têm credibilidade onde são lidos.
Onde, então, está a incongruência?
A resposta é simples e preocupante: a imprensa, vista como o conjunto de mídias tradicionais empacotadas em marcas conhecidas como Globo, Abril, Estado e Folha, construiu um ecossistema à parte, que funciona numa dimensão paralela à da sociedade. Esse conjunto fala diretamente às instituições, e através delas tenta se impor ao campo social, também chamado de espaço público.
Mas nem sempre isso acontece. Nos últimos anos, a mídia hegemônica tem se comportado como um poder paralelo que se arvora em representante da sociedade. Sua ação, em vez de integrar, rompe as ligações entre a sociedade e as instituições democráticas que a representam.
Talvez 2014 tenha marcado mais claramente o esgarçamento dessa relação entre o todo social e suas representações institucionais; a mídia tradicional pode, então, ser vista isoladamente como um corpo estranho a ambos os campos que, no entanto, só faz sentido se for reconhecido como parte integradora dos dois universos. Em condições ideais, em nome da sociedade a imprensa faz a crítica das instituições, e em nome das instituições a imprensa adverte a sociedade.

MP faz “sigilo total” para a Presidente e “bundalelê” com a mídia?

A presidente Dilma Rousseff, em café da manhã com os jornalistas da imprensa oposicionista, disse que, ao escolher ministros consultará a Procuradoria Geral da República para saber se contra aqueles que pensa indicar pesa alguma acusação.
Uma atitude, portanto, de evidente respeito pela autoridade do Ministério Público e de zelo pela insuspeição com que deve ser administrada a República.
Dilma não disse que ia perguntar o que pesa sobre quem, em que circunstâncias. Apenas – e com humilde respeito à instituição – se há algum óbice, mesmo que seja uma simples denúncia.
Mas Josias de Souza, do UOL, já antecipa o que teria sido a manifestação do procurador Janot:  que “a lei proíbe os membros do Ministério Público de prestarem consultoria” e que Rodrigo Janot “não compartilhará informações contidas em processos que correm sob segredo judicial”.
Esperemos que se trate apenas de uma das muitas intrigas que se procura fazer entre Dilma e Janot.
Porque estaríamos vivendo o “non-sense” de uma instituição da República, o MP, reagindo desta forma a uma manifestação de apreço de outra – a Presidência da República.
E agindo com absoluta leniência com os vazamentos a granel de seus integrantes das mesmas “informações contidas em processos que correm sob segredo de justiça”.

Confira no Tijolaço, via Jornal GGN.

‘Mídia corporativa é a essência do poder’

A grande imprensa, coordenada desde Miami pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), por via das associações nacionais, como a ANJ – e, de maneira similar, no setor de rádio e televisão (no Brasil, a Abert) – é um instrumento (hoje, o principal) de dominação multinacional, o que determina sua oposição radical ao nacionalismo, ao desenvolvimento econômico autônomo e à integração regional que esses governos patrocinam. Isto se consolidou historicamente com a penetração continental da indústria estrangeira da informação (gravadoras de música, distribuidoras de filmes etc.), a partir da década de 1950, e com a orientação empresarial das agências de publicidade, em cuja direção (e na filosofia de trabalho) se concentra a visão mais cínica e reacionária da sociedade – haja visto o papel que tiveram, em fatos ainda recentes no Brasil, expoentes do setor, como Ênio Mainardi ou Ivan Hassolocker, o dirigente do Ibad que ajudou a articular o golpe de 1964.
Impermeável às identidades nacionais, a retórica publicitária vende cosmopolitismo, individualismo, racismo, hedonismo, superficialidade, imoralidade que sequer se assume e, sempre que possível, cultura global amorfa, sem história e sem pátria. Seu discurso é o da irresponsabilidade, da auto-complacência e do escapismo. É tão enraizado isso que dificilmente se imagina como poderia ser diferente.

Confira a entrevista de Nilson Lage, no Observatório da Imprensa

O veneno da edição da entrevista de Venina

A edição é venenosa à sua maneira. A Globo, para se preservar, não grita como a Veja. Só que cuida de despejar sobre sua audiência o mesmo tipo de veneno, apenas mais sutilmente, mas com o mesmo resultado e com a mesma finalidade.
O veneno não estava em Venina. Ela está contando sua história, e cabe averiguar.
A maldade estava na maneira como Venina foi usada.
Dilma, no final, é citada – pela Globo. Numa tentativa de desmoralizá-la, a Globo diz que Dilma afirmou que não existe uma “crise de corrupção”.
No meio de uma entrevista que trata exatamente de corrupção, a frase de Dilma parece o triunfo do cinismo.
Mas o cinismo é da Globo. É mais uma tentativa, como Roberto Marinho fez tantas vezes primeiro contra Getúlio e depois contra Jango, de rotular como corruptos regimes que não garantem a manutenção de mamatas e privilégios a um pequeno grupo.

Confira o texto de Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo

A direita perplexa e a esquerda indignada

Há um problema de origem na nova gestão.
Não se trata do fato de Dilma ter obtido sua vitória com menos de 3% de vantagem.
Mesmo que tivesse ganhado por um voto, estaria legitimamente eleita. Jogo democrático é assim. Leva quem tem mais sufrágios.
Seu vício de origem é que parte significativa de sua base social, o proletariado urbano, se dividiu. Metade votou nela e metade em Aécio.
A tarefa de qualquer líder com um pouco de política na cabeça seria recompor sua base. Anunciar ações de impacto para atrair de volta os que se afastaram.
Dilma faz o contrário. (...)

Confira o texto de Gilberto Maringoni, no Diário do Centro do Mundo

Alguns militares ainda se orgulham da tortura, diz escritor sobre DOI-Codi

Mais de cinquenta anos depois do golpe, há militares que ainda se orgulham das torturas realizadas durante o regime, disse o escritor Marcelo Godoy, em entrevista à DW Brasil.
O jornalista acaba de lançar o livro A Casa da Vovó, fruto de mais de dez anos de pesquisa sobre o DOI-Codi em São Paulo, um dos principais centros de tortura do regime. Subordinado ao Exército, o órgão de inteligência e repressão política foi criado em 1969 – a princípio com o nome Oban (Operação Bandeirantes).

Escravas sexuais do Estado Islâmico tentam suicídio no Iraque

apturadas pelo grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque, mulheres e meninas da minoria yazidi preferem se suicidar, ou tentar o suicídio, antes de serem transformadas em escravas sexuais dos jihadistas - denunciou a Anistia Internacional em nota divulgada nesta terça-feira.

A minoria yazidi, considerada herege pelos jihadistas do EI, é vítima das atrocidades cometidas por esses extremistas sunitas. Este ano, o EI se apoderou de amplas faixas de território no norte do Iraque, incluindo a região de Sinjar, povoada pelos yazidis.


Confira no Correio do Povo

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Dilma tinha razão ao temer a cartelização das concessões

Um dos grandes embates de Dilma Rousseff foi a tentativa de fixação de um teto da TIR (Taxa Interna de Retorno) nos leilões de concessões públicas. Desde as mudanças no modelo de energia, ela ainda Ministra de Minas e Energia, mostrava preocupação em reduzir o chamado custo Brasil.
Um dos grandes problemas de competitividade eram justamente as tarifas públicas totalmente liberadas nos períodos anteriores.
Na sua primeira experiência em concessões rodoviárias, Dilma definiu tetos para a TIR. Foi bem sucedida, com a entrada de concorrentes espanhóis.
Nos movimentos seguintes, o modelo empacou. As empreiteiras refugaram e criou-se o impasse. Havia indícios de acerto entre elas, boicotando os leilões para forçar a uma mudança de modelo. Acabou sendo vitoriosa a tese de que se deixasse a TIR liberada, a competição se incumbiria de reduzir as tarifas.

Com a Lava Jato explicitando de maneira inédita o cartel das empreiteiras, fica claro que Dilma tinha razão.
Leia mais no Blog do Luís Nassif

Idosa conclui curso de direito aos 94 anos

Aos 4 anos de idade, ela já estava alfabetizada. Aprendeu a ler e escrever em casa, com uma carta do ABC, estimulada pelo pai, farmacêutico apaixonado pela leitura. Com 57 anos, casada e mãe de seis filhos, formou-se em farmácia, na Universidade Federal de Pernambuco. Mas o sonho mesmo era ser advogada. Tanto que, agora, aos 94 anos, Lindaura Cavalcanti de Arruda concluiu a segunda graduação: o curso de direito, na Faculdade de Ciências Humanas de Pernambuco. Disposta, ela não pensa em parar de estudar. Planeja fazer pós-graduação no próximo ano. Segunda-feira passada ela recebeu homenagem da Academia Pernambucana de Letras Jurídicas.


Confira no Jornal do Comércio pernambucano

Infanta Cristina será julgada em processo inédito na Espanha

A infanta Cristina, irmã do rei Felipe VI da Espanha, sentará no banco dos réus por dois delitos fiscais, ao lado do marido Iñaki Urdangarín, em um caso de corrupção que abala a monarquia espanhola desde 2010.

O juiz José Castro determinou a abertura de julgamento oral "contra 17 pessoas, entre elas a infanta Cristina, como cooperadora em dois delitos contra a Fazenda Pública" cometidos por seu marido, informou o Tribunal Superior de Justiça de Baleares em um comunicado.


Reprodução do Correio do Povo

Justiça catalã aceita denúncias contra presidente separatista

O Superior Tribunal de Justiça da Catalunha (TSJC) decidiu aceitar as denúncias de desobediência contra o presidente regional catalão, Artur Mas, pela organização em 9 de novembro de uma consulta simbólica sobre a independência dessa região espanhola.

As denúncias admitidas são contra Mas, a vice-presidente do governo regional, Joana Ortega, e a conselheira da Educação, Irene Rigau. No total, 2.344.828 pessoas participaram da polêmica votação sem valor legal e quase 1,9 milhão de pessoas votou a favor da independência.


Confira no Correio do Povo

Paquistão pretende executar 500 condenados nas próximas semanas

O governo do Paquistão pretende executar 500 condenados à morte nas próximas semanas, anunciou o ministério do Interior, uma semana depois do ataque talibã que matou 149 pessoas, incluindo 133 estudantes, em Peshawar, noroeste do país.

Depois do massacre, Islamabad suspendeu a moratória, que estava em vigor desde 2008, sobre a aplicação da pena capital e anunciou a retomada das execuções dos condenados por terrorismo. Seis condenados à morte por casos de terrorismo já foram executados.


Leia mais no Correio do Povo

Ganhar eleição, não ganha, mas censurar é com ele: a nova investida de Aécio sobre o Twitter

Aécio volta a atacar numa área em que é especialista: a intimidação. A Justiça de São Paulo determinou a quebra dos sigilos cadastrais de 20 usuários do Twitter que teriam vinculado seu nome a crimes como o uso de drogas.
Com a decisão, seus advogados poderão processar cada um deles. É o desdobramento de um pedido feito ainda durante a campanha, quando requisitou-se o cadastro de 66 perfis da rede, entre eles o DCM.
A equipe jurídica do candidato acabou chegando, num primeiro momento, a 55. Foi então determinado que o Twitter repassasse os dados para o tribunal, com a ressalva de que nada fosse entregue aos advogados de Aécio até a análise do conteúdo. Trinta e cinco foram isentados pelo magistrado. As duas dezenas de “acusados” estão aqui.

Fernando Rodrigues precisa explicar suas contas

O jornalista Fernando Rodrigues, que conheci quando ainda era trotskista lá no campus da Universidade Metodista, tem desempenhado há alguns anos o papel de setorista pra questões do financiamento da mídia independente na Folha de S. Paulo, de onde, consta, foi recentemente demitido. De tempos em tempos ele busca, com informações levantadas no governo federal, prejudicar veículos que têm tido um papel importante na oxigenação do ambiente midiático. E atira na política de pulverização das verbas publicitárias, como se defendesse com isso o interesse democrático. Na prática, apenas faz o jogo dos donos da mídia tradicional.


Confira no Blog do Rovai.

O grito idiota de “Vai pra Cuba” foi para o espaço com a reaproximação de Obama

O grito de guerra “Vai pra Cuba” foi ferido de morte na tarde de quarta feira, 17 de dezembro.
Num pronunciamento, Obama anunciou medidas para normalizar as relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba mais de 50 anos depois da ruptura.
Parte do acordo incluiu uma troca de prisioneiros: os cubanos libertaram Alan Gross, preso há cinco anos por espionagem, e um agente cujo nome não foi revelado. Os americanos soltaram três cubanos.
“O isolamento não funcionou”, disse Obama. “Está na hora de uma nova abordagem”.


Como o governo do PT banca a pior mídia do planeta

O recente levantamento publicado pela “Folha de S.Paulo” sobre despesas de publicidade do governo federal, nos últimos 14 anos, 12 dos quais sob o comando do PT, é, ao mesmo tempo, um espanto estatístico e um desalento político.


Foram 15,7 bilhões de reais despejados, prioritariamente, em veículos de comunicação moralmente falidos e explicitamente a serviço das forças do atraso e da reação. Quando não, do golpe.
O mais incrível é que 10 entre 10 colunistas cães de guarda da mídia não perdem a chance de abrir a bocarra para, na maior cara de pau, acusar blogueiros de receber dinheiro do governo para falar bem do PT.
Ainda que fosse verdade (99% dos blogueiros não recebem um centavo de ninguém), ainda assim, não seria injusto.
Isso porque somente a Globo recebeu 5 bilhões de reais dos cofres públicos para, basicamente, falar mal do PT. Nada menos que 1/3 de todo dinheiro gasto com publicidade pelo governo federal.

Raúl Castro recebe agentes cubanos libertados pelos EUA

O presidente de Cuba, Raúl Castro, recebeu nessa quarta-feira, em Havana, os três agentes cubanos libertados pelos Estados Unidos: Antonio Guerrero, Gerardo Hernández e Ramón Labañino. Vestido com seu uniforme de general, Castro abraçou várias vezes os três agentes em sua chegada a Havana e disse: "orgulhosos de vocês pela resistência que mostraram, pelo valor e pelo exemplo que representam para todos".

"General, estamos ainda emocionados, as palavras não saem, mas os agradecimentos sobram", disse o agente Hernández, formado em Relações Internacionais e que cumpria duas penas de prisão perpétua há mais de 15 anos. "Diga ao comandante (Fidel Castro) que estamos aqui para seguir fazendo o que for preciso", afirmou Guerrero, um engenheiro que cumpria pena de 22 anos.


Confira no Correio do Povo